5G não trouxe a revolução prometida: onde Brasil e o mundo falharam?

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O 5G chegou com promessas ambiciosas: internet ultrarrápida, latência quase zero e cobertura massiva. Agora, três anos após o início oficial no Brasil (julho de 2022), vale questionar: estamos vivendo essa nova era?

O que foi prometido e o que chegou com o 5G

CEO e operadoras venderam ao consumidor três grandes avanços: velocidade gigabit, latência de até 1 ms e conectividade confiável. Porém, a rede mmWave, essencial para atingir gigabits, foi implementada apenas em poucos países e em ambientes restritos — e no Brasil praticamente não existe mmWave comercial. No país, operadoras usam em grande parte espectro de 3,5 GHz e faixas remanejadas do 4G, entregando velocidade média de 400–450 Mbps — bem abaixo do ganho multiplicador de dez vezes.

A latência em ambientes reais gira em torno de 30–50 ms no Brasil. Embora seja uma melhora em relação ao 4G, esse desempenho não atende casos críticos como cirurgias remotas ou carros autônomos.

Cobertura real: mais de área, menos de conexão

Até maio de 2025, o Brasil possui cerca de 17.184 antenas 5G operando e cobertura para 63,2 % da população, conforme conceito de cobertura geográfica. Tim e Vivo exibem percentuais semelhantes, enquanto Claro cobre cerca de 54 %. Este avanço superou prazos da Anatel em mais de um ano, com 1.025 cidades atendidas — meta prevista para 2025.

Entretanto, cobertura não equivale a conectividade. Usuários brasileiros relatam conexão ativa com 5G por menos de metade do tempo. Globais como EUA também enfrentam esse problema — e muitos países registram disponibilidade efetiva inferior à área coberta.

Aplicações futuristas: promessa ainda distante

A maior parte do Brasil opera com 5G não standalone (NSA), que depende da infraestrutura do 4G e limita recursos avançados como “network slicing” e latência ultrabaixa. Apenas poucos países migraram para 5G standalone (SA); no Brasil, a transição ainda engatinha.

Redes privadas 5G começam a surgir em setores como indústria, portos e mineração no país, mas ainda em escala limitada. Os usos mais comuns envolvem Fixed Wireless Access (FWA), oferta de internet fixa via 5G para áreas rurais ou sem fibra. Cresce globalmente e no Brasil, embora com variação de desempenho.

Brasil vs. mundo: 5G entregue vs. 5G esperado

AspectoHype globalRealidade no Brasil
Velocidade médiaAté 1 Gb/s com mmWave400–450 Mbps médios (Ookla, Anatel)
LatênciaAté 1 msEm média 30–50 ms
Cobertura geográficaMais de 75 % em países avançados63 % da população com cobertura (até mai/25)
Tempo conectadoPouco explorado globalmenteDisponível pouco mais de metade do tempo
Aplicações avançadasCidades inteligentes, IoT, automação totalAinda em fase inicial ou em testes privados

Panorama final: valeu o investimento?

O Brasil investiu pesado: quase R$ 156 bi nos últimos quatro anos, a maior parte na infraestrutura do 5G. Os resultados aparecem: conectividade melhor, mais rápida e com menor latência que o 4G. Mas o salto foi menor que o prometido e deixa de fora casos de uso que justificariam o investimento maciço.

Operadoras ainda tentam monetizar com planos FWA e oferta de experiências diferenciadas (network slicing, IoT), mas sem SA amplamente disponível o futuro permanece retido. Enquanto isso, a próxima etapa, o 5G‑Advanced (ou 5.5G), já está em testes em Brasília, com velocidades de até 10 Gb/s em ambiente de teste mmWave com Claro e Huawei.

O 5G trouxe progresso real ao Brasil, sobretudo comparado ao 4G. Contudo, falhou em cumprir a visão de transformação total em áreas como realidade virtual, medicina remota e cidades conectadas. A promessa continua viva, mas ainda distante da experiência cotidiana.

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André Moraes

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Gustavo Aguiar
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3 dias atrás

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