A Apple enfrenta mais uma derrota nos tribunais e, novamente, foi preciso a força da lei para que a gigante da tecnologia fizesse o que deveria ter feito desde o início: colocar os interesses dos usuários e desenvolvedores em primeiro lugar.
Justiça Obriga Apple a Liberar Pagamentos Fora da App Store
Nesta semana, uma decisão histórica nos Estados Unidos determinou que a Apple deve permitir que desenvolvedores ofereçam compras dentro dos aplicativos (in-app purchases) utilizando métodos de pagamento fora da App Store. Isso significa que as empresas poderão usar suas próprias plataformas ou serviços de terceiros, sem depender exclusivamente do sistema da Apple que cobrava até 30% de taxa por transação.
Apesar de Apple anunciar que vai recorrer, a empresa está obrigada a cumprir a decisão por enquanto.
Europa Já Está à Frente
Enquanto isso, na Europa, as regras são ainda mais rígidas. A União Europeia classificou a Apple como uma “gatekeeper”, ou seja, uma empresa que controla o acesso a um mercado essencial. Por isso, a companhia foi obrigada a permitir lojas de aplicativos de terceiros, sideloading (instalação direta de apps fora da App Store), navegadores alternativos e métodos de pagamento diversos.
O resultado? Um iOS mais aberto, mais funcional e, segundo muitos usuários, melhor do que a versão disponível nos Estados Unidos.
Apple Insiste em Controlar Tudo
Esse não é um caso isolado. A Apple historicamente tenta impedir qualquer forma de concorrência dentro do seu ecossistema. A empresa alega que esse controle garante mais segurança e simplicidade. No entanto, essa justificativa não se sustenta diante de fatos concretos.
Afinal, o sistema macOS permite instalação de apps por fora, acesso a outras lojas como a Steam e uso de formas alternativas de pagamento — e, mesmo assim, não existem epidemias de malware ou invasões de privacidade no Mac. Android, que também oferece mais liberdade, domina o mercado global de smartphones sem prejudicar os usuários.

Além disso, a Apple continua dificultando que outros fabricantes de smartwatches tenham a mesma integração com o iPhone que o Apple Watch possui. Isso limita a inovação e força o consumidor a optar por produtos da própria empresa.
O Custo de Ser Fechado: Menos Inovação, Mais Insatisfação
Na prática, a Apple tem adotado uma postura parecida com a da IBM dos anos 80 ou da Microsoft nos anos 90: dominadora, resistente à mudança e com foco exagerado no lucro.
Basta ver a linha atual de produtos. A cada ano, os lançamentos trazem poucas novidades reais. O novo iPhone deve ser mais fino, sacrificando bateria e câmeras — exatamente o oposto do que os usuários mais pedem: duração de bateria, câmeras de qualidade e preços mais acessíveis.
Enquanto isso, projetos como o Apple Intelligence decepcionam, Siri continua limitada e iniciativas como o site “Snapshot” parecem completamente fora de sintonia com os desejos do público.
Está na Hora da Apple Colocar o Usuário em Primeiro Lugar
Os usuários querem liberdade de escolha, pagar por apps com o sistema que preferirem, que desenvolvedores não sejam sufocados por taxas abusivas. Querem que hardwares de terceiros possam oferecer a mesma integração que os dispositivos da própria Apple.
Nada disso é impossível. Muito disso já existe no Mac ou em plataformas concorrentes. A Apple apenas precisa aceitar ganhar um pouco menos para entregar mais valor aos usuários.
O que está em jogo não é apenas uma disputa por lucros. É a confiança do público. Se a Apple continuar priorizando controle em vez de conveniência, pode acabar perdendo relevância — especialmente em um mercado onde a concorrência está cada vez mais disposta a ouvir seus consumidores.

Confiança tem que vir antes do lucro, a Apple precisa aceitar isso!