O governo federal iniciou os trabalhos para desenvolver um sistema brasileiro de navegação por satélite. A proposta busca reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras, como o GPS, e criar uma solução que atenda às demandas estratégicas e tecnológicas do País.
Nesta semana, o Palácio do Planalto criou um grupo interministerial para debater o projeto. A coordenação envolverá quatro ministérios: Ciência, Tecnologia e Inovação; Defesa; Comunicações; e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) também integra o time.
Projeto foca em autonomia e segurança nacional
O objetivo do grupo é propor ações e estudos que definam os passos necessários para a implantação de um sistema brasileiro de posição, navegação e tempo (PNT). A tecnologia deve atender principalmente ao território nacional e à América do Sul.
Além dos ministérios, nove instituições participarão da iniciativa, incluindo a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Comando da Aeronáutica, a Anatel, a Finep e a Telebras. A participação do setor privado ficará a cargo da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil.
O grupo terá 180 dias para apresentar uma proposta inicial, prazo que o governo pode prorrogar por mais seis meses.
Por que o Brasil quer seu próprio “GPS”
A decisão ocorre em meio a discussões sobre a vulnerabilidade do Brasil diante de tensões geopolíticas. Redes sociais levantaram hipóteses de que os Estados Unidos poderiam bloquear o acesso ao GPS em caso de crise diplomática. No entanto, especialistas garantem que essa medida só ocorre em situações de guerra.
Mesmo que desejasse, Washington não conseguiria limitar o sinal apenas para o Brasil. O bloqueio afetaria toda a América do Sul. Por esse motivo, a medida seria contraproducente e causaria desgaste à imagem dos EUA no cenário internacional.
Além do GPS, os dispositivos modernos já utilizam outros sistemas de localização, como o europeu Galileo, o russo Glonass e o chinês BeiDou. O Brasil, inclusive, abriga mais estações do Glonass do que qualquer outro país fora da Rússia, o que reforça a relevância estratégica da região para esses sistemas.
Ao desenvolver seu próprio sistema, o Brasil fortalece a autonomia tecnológica e amplia sua segurança em áreas sensíveis, como defesa, comunicações e transporte.
