A Operação Rastreio, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, tem como alvo a cadeia criminosa que envolve o roubo, o furto e a receptação de celulares. Desde seu início, em maio de 2025, a ação já recuperou mais de 10 mil aparelhos e prendeu mais de 700 pessoas envolvidas.
Na nova fase, iniciada em meados de novembro, a investigação se concentra na identificação e repressão de esquemas de desbloqueio ilegal de celulares e cursos on-line que ensinam a burlar mecanismos de segurança, segundo informações da polícia.
Como a nova fase atua: busca por cursos de desbloqueio
Em 17 de novembro de 2025, foram cumpridos 132 mandados de busca e apreensão em 11 estados — não só no Rio, mas também em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco, Maranhão, Piauí, Pará e Rondônia.
O foco dessas investigações são pessoas que fornecem celulares roubados para desbloquear o IMEI (número identificador do aparelho), bem como aquelas que ministram cursos on-line para ensinar outras a remover essa identificação.
Segundo a polícia, alguns desses cursos envolvem “clientes” que desejam reintroduzir aparelhos ilícitos no mercado com aparência legal — muitos desses endereços estão em lojas, quiosques ou boxes dedicados à revenda de celulares.
Resultados concretos e devolução de aparelhos
Até agora, a Operação Rastreio já alcançou sucessos significativos:
- Mais de 10 mil celulares recuperados desde o começo da operação.
- Aproximadamente 2.800 aparelhos já devolvidos aos donos legítimos.
- Em 18 de novembro de 2025, cerca de 1.600 celulares serão restituídos a vítimas que registraram Boletim de Ocorrência (BO).
- Mais de 4,2 mil usuários já teriam sido intimados a entregar seus celulares suspeitos — com prazo de 72 horas para devolução voluntária. Quem não cumprir esse prazo pode responder por crime de receptação.
Essa devolução é feita após perícia, para garantir que os donos originais sejam identificados corretamente.
Ferramenta tecnológica: o app “Celular Seguro RJ”
Um grande aliado da Operação Rastreio é o app Celular Seguro RJ, lançado pela Polícia Civil em julho de 2025.
Funcionalidades principais:
- Permite registrar e consultar o IMEI do aparelho — uma espécie de “chassi” para celulares.
- Mostra se há alguma restrição no aparelho, como registro de furto, roubo ou bloqueio pelas operadoras.
- Contribui para prevenir compras de celulares clandestinos, ajudando o consumidor a checar a procedência antes de comprar.
A Polícia Civil também recomenda que os compradores exijam nota fiscal e desconfiem de aparelhos com preços muito abaixo do mercado.
Por que isso importa para você
- Segurança na compra: Usar o app para verificar o IMEI reduz o risco de adquirir um celular ilegal.
- Responsabilização criminal: Quem participa de redes de desbloqueio ilegal pode ser preso ou processado.
- Educação do consumidor: A operação envia mensagens e intimações para que pessoas que compraram aparelhos irregulares devolvam voluntariamente — sem penalidades, se o fizerem.
- Ressarcimento às vítimas: A devolução de celulares perdidos ou roubados não apenas ajuda as vítimas, mas desestimula o mercado ilícito.
Desafios e implicações futuras
Embora a Operação Rastreio esteja mostrando resultados expressivos, ela revela a complexidade e a escala do mercado clandestino de celulares. A existência dos cursos de desbloqueio evidencia que há uma rede bem organizada para “legalizar” aparelhos roubados ou furtados.
Além disso, a continuidade da operação abre espaço para:
- Maior pressão sobre revendedores informais de aparelhos.
- Expansão do uso de tecnologia policial para rastrear dispositivos ilegais.
- Fortalecimento da cultura de verificação de IMEI antes da compra, especialmente em celulares usados.
Se essa estratégia for bem-sucedida, o Rio de Janeiro pode servir de modelo para outras regiões do Brasil que enfrentam problema semelhante.











