Tim Cook, CEO da Apple, enfrenta um dos anos mais turbulentos de sua carreira, e ainda nem chegamos ao meio de 2025. Embora a empresa continue lucrando bilhões e mantendo uma valorização de mercado superior a US$ 2,5 trilhões, os bastidores contam outra história. Vários problemas colocam Cook em uma situação delicada, com repercussões que podem afetar a gigante da tecnologia nos próximos anos.
Apple Intelligence atrasado e App Store sob pressão
Em primeiro lugar, a Apple teve dificuldades no lançamento do Apple Intelligence — seu novo conjunto de recursos baseados em IA. O atraso gerou desconfiança no mercado e nos consumidores. Além disso, veio a derrota no processo envolvendo as regras da App Store, que impede desenvolvedores de direcionarem usuários para métodos de pagamento externos. Essa perda abriu brechas legais e chamou atenção de reguladores globais.
Relação conturbada com Donald Trump
Outro fator que abalou o ano de Cook foi o atrito com o ex-presidente Donald Trump. Após se recusar a acompanhar Trump em visitas oficiais à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos — países com histórico de violações de direitos humanos — Cook se tornou alvo de críticas. Como resposta, Trump ameaçou impor uma tarifa de 25% sobre iPhones importados, um golpe significativo para a estratégia global da Apple.

Vale lembrar que, no passado, Cook se manteve próximo ao governo Trump, chegando a doar US$ 1 milhão para o fundo inaugural do ex-presidente em 2017. No entanto, essa aliança parece ter perdido força, e agora Cook se vê entre a pressão política dos EUA e os interesses comerciais da Apple no exterior.
Críticas controversas na imprensa
Para piorar, a cobertura jornalística também não tem favorecido o CEO. O repórter Tripp Mickle, do New York Times, publicou uma série de matérias críticas, como “Tech’s Trump Whisperer, Tim Cook, Goes Quiet as His Influence Fades”. Em outra matéria, Mickle causou polêmica ao citar, de forma no mínimo infeliz, comentários sobre supostas “vantagens genéticas” de funcionárias chinesas na linha de montagem de iPhones. Embora essas declarações tenham partido de fontes anônimas, o estrago na imagem pública da Apple e seu CEO foi imediato.
O que esperar de Tim Cook e da Apple?
Mesmo com todos esses desafios, é inegável que a gestão de Tim Cook trouxe lucros expressivos para a Apple. Desde 2011, o valor da empresa aumentou mais de US$ 2,5 trilhões, uma média de US$ 500 milhões por dia. Contudo, em um cenário político volátil, com tensões geopolíticas e mudanças regulatórias, apenas o sucesso financeiro pode não ser suficiente para manter a estabilidade.
Agora, o grande desafio de Cook será equilibrar os interesses comerciais da Apple com questões éticas, políticas e regulatórias. Em vez de tentar agradar a todos, talvez seja a hora de traçar um novo caminho, mais transparente, estratégico e alinhado aos valores que os consumidores modernos exigem.

A Apple nunca será a mesma depois do Steve Jobs.