A 16 de junho de 2025, a família Trump lançou o Trump Mobile, um serviço de telefonia celular com smartphone T1 e pacotes integrados de telemedicina, assistência ao condutor e seguro para dispositivos. O plano combina serviços prestados por empresas associadas aos mesmos executivos por trás da marca, gerando críticas à transparência e credibilidade.
Plataforma híbrida gera dúvidas e expectativa
Trump Mobile opera como MVNO (operadora virtual), usando a rede da Liberty Mobile, fundada em 2018 por Matthew Lopatin e licenciada a Pat O’Brien, Don Hendrickson e Eric Thomas – anunciados por Donald Trump Jr. e Eric Trump como os principais responsáveis pelo projeto.
O serviço oferece o plano “The 47 Plan” por US$ 47,45 mensais, com chamadas e mensagens ilimitadas nos EUA e ligações para cerca de 100 países. O smartphone T1 custa US$ 499, com pré-venda via depósito de US$ 100 e promessa de envio em outubro de 2025.
O pacote inclui:
- Telemedicina, via Doctegrity (Texas)
- Assistência veicular, por Drive America
- Seguro de dispositivo, pela Omega Mobile Care
- Dispositivo wearable e serviço de saúde, por VMed Mobile, com certificação na China.
Falhas e controvérsias logo no lançamento
No primeiro dia, a linha de atendimento de Trump Mobile direcionou chamados para a Omega Auto Care, empresa de garantia veicular ligada à Ensurety Ventures de Pat O’Brien, revelando falta de estrutura inicial.
O slogan “fabricado nos EUA” foi suavizado após pressão de especialistas. O site passou a afirmar que a montagem ocorrerá na Geórgia, Flórida e Califórnia, conforme a cadeia de suprimentos permitir. Analistas alertam que fabricar um smartphone nos EUA pode custar o dobro comparado à Ásia.
Estratégia de marca e possíveis riscos éticos
O Trump Mobile faz parte de um movimento mais amplo da família Trump, que inclui: bíblias, criptomoeda (World Liberty Financial e meme coin $TRUMP), stablecoin USD1 e negócios imobiliários no exterior, somando centenas de milhões em lucros.
Especialistas em telecom destacam que este setor é altamente regulado e dominado por gigantes como Apple, Samsung e as grandes operadoras nos EUA. A entrada de um MVNO associado ao presidente em exercício levanta dúvidas sobre conflitos de interesse. Ainda assim, o presidente da FCC afirma que não recebeu instruções da Casa Branca e que aplica as normas normalmente.
A retirada do mapa de cobertura que rotulava o Golfo do México como “Golfo da América” reforçou críticas à superficialidade do planejamento inicial.
Potenciais desafios e lições estratégicas
- Capacidade operacional limitada: Liberty Mobile emprega menos de 50 funcionários e ainda exibe textos “lorem ipsum” no site, sinalizando estrutura incipiente.
- Transparência reduzida: dados de assinantes não foram divulgados. O fundador O’Brien recusou-se a detalhar números.
- Custo e qualidade duvidosos: T1 teria design similar ao Wingtech Revvl 7 Pro, vendido nos EUA por cerca de US$ 250; críticos apontam sobrepreço e especificações genéricas para US$ 499.
Trump Mobile aposta no patriotismo e na conveniência de pacotes integrados. A proposta pode atraente para quem busca alternativas a operadoras tradicionais, mas enfrenta desafios operacionais, éticos e de mercado. A execução rápida e pouco estruturada, somada à dependência de empresas interligadas, aumenta o risco de frustração do consumidor. No entanto, se conseguir superar os obstáculos iniciais, pode se estabelecer como um nicho voltado aos seguidores da marca “Trump”.
