A imprensa e redes sociais repercutem rumor de que a legislação europeia teria obrigado a Apple a excluir o carregador do MacBook Pro com chip M5. Mas será que isso procede? Neste texto, explico o que a lei realmente exige, como a Apple está adotando essa mudança e o que isso significa para consumidores — especialmente no Brasil.
O que diz a lei da UE sobre carregadores
A União Europeia adotou uma diretiva para reduzir o lixo eletrônico (e-waste). Para isso, determinou que novos dispositivos eletrônicos vendidos na UE usem um padrão de porta de carregamento comum — no caso, USB-C.
Além disso, a norma exige que o consumidor tenha a opção de comprar o aparelho com ou sem carregador. Ou seja: a lei não proíbe a inclusão do carregador — apenas obriga que o usuário possa escolher.
Portanto, a crítica de que a UE “baniram” o acessório é equivocada.
Por que a Apple não inclui carregador em alguns mercados
A Apple decidiu não inserir o adaptador de energia nas caixas do MacBook Pro M5 (em determinados países europeus). Isso gerou interpretações erradas de que ela foi “forçada” pela lei. Na verdade, a decisão foi comercial, dentro do que a legislação permite.
Como o regulamento exige que o consumidor tenha opção, a Apple poderia ofertar versões com ou sem carregador. Porém, ela optou por tornar padrão a ausência do carregador em suas configurações europeias.
Essa escolha evita a necessidade de criar embalagens duplicadas — uma com e outra sem carregador. E mesmo sem incluir o adaptador, ela segue dentro dos limites permitidos pela lei.
Em contraste, em alguns países fora da UE, como na Índia, a Apple continuará a incluir o carregador com o dispositivo.
O que muda para consumidores e para o Brasil
No Brasil, até o momento, não existe exigência semelhante à da UE. Assim, a prática brasileira ainda permite que fabricantes incluam o carregador (ou não) conforme sua estratégia de mercado.
Se você importar ou comprar um MacBook Pro M5 europeu, pode acabar não recebendo o adaptador de energia. Nesse caso, terá de adquiri-lo separadamente.
Mesmo nos países onde a Apple não inclui o carregador, ela ainda envia o cabo USB-C para MagSafe com o produto. E, por ser compatível com USB-C, qualquer carregador compatível pode servir.
Logo, a mudança afeta principalmente o marketing e o custo de aquisição de acessórios.
O que o boato exagerou — e o que ficou correto
Muita desinformação circula nessa história. Aqui vai o que o boato distorceu:
- Falso: a UE proíbe que carregadores sejam incluídos nos produtos.
Verdade: ela exige que o consumidor possa optar por receber ou não. - Verdade parcial: algumas versões do MacBook Pro M5 não vêm com carregador, mas por decisão da Apple, e não por obrigação legal.
- Verdade: a porta obrigatória passa a ser USB-C nas casas de todos novos dispositivos vendidos na UE.
- Verdade: quem já possui carregador compatível (USB-C ou MagSafe) pode reutilizá-lo.
Esses pontos mostram que a medida da Apple está dentro dos limites jurídicos e que o boato extrapola os fatos.
Vale a pena se preocupar?
Se você mora no Brasil ou fora da UE, a mudança não afeta diretamente o pacote que vai receber ao comprar um dispositivo Apple. A não ser que a Apple adote essa prática globalmente.
Mesmo assim, é prudente considerar:
- Verifique a descrição da versão que está comprando (se inclui o adaptador ou não).
- Já tenha ou adquira um carregador compatível USB-C com boa potência.
- Entenda que há uma tendência global para reduzir plásticos e adaptadores descartáveis — e que esta prática pode se expandir.
Portanto, o boato exagera ao dizer que “proibiram” a Apple. A lei apenas define padrões e opções, e a Apple escolheu não incluir o adaptador em algumas versões.
